(AVISO: Desde o início da história eu disse que a cada capítulo eu incluiria alguns assuntos e cenas que não são próprios para menores de 18 anos. Não estão proibidos, mas estão avisados. A história é publicada sem intensões, somente por diversão, MAS é melhor me precaver. Espero que gostem!)
(WARNING: Since the beginning of story I said that each chapter I would incluse some subjects and scenes not suitable for under 18. Are not prohibited but are warned. The story is published with no intentions, just for fun, BUT it’s better to avoid me. Enjoy!)
“Não adianta tentar
imaginar onde isso vai dar ou acabar. Já decidi o que vou fazer, vou ficar
sentada aqui até que todos eles estejam velhos e com Alzheimer o suficiente pra
não lembrar do que fiz ou, se quer o meu nome. Talvez funcione.”
Kitty havia apertado o play do controle remoto pela quinta
vez, assistia repetitivamente um de seus filmes antigos favoritos que encontrou
jogado na bagunça do quarto. O DVD foi um presente de Simon, mas ela não se
lembrava desse fato e por isso havia tocado no mesmo, se lembrasse teria o
jogado fora junto a todas as outras coisas similares que encontrou durante o
ataque de fúria que teve a tarde.
Sua maquiagem estava velha, gasta e um tanto borrada, o que
denunciou um possível choro para o homem que caminhou pela sala e juntou-se a
ela no sofá com um suspiro.
Kitty mostrou-se incomodada, virou o rosto e se afastou o
quanto pode. Odiava estar em estado melancólico perto de outras pessoas, até
mesmo de seu pai.
- Você não esqueceu de que é uma princesa, não é? –
Perguntou seu pai, Peter, enquanto curvava um dos braços para trazer a filha
para perto de si novamente.
- E no que isso influencia?
- Princesas não colocam fogo nas coisas.
- Se eu sou uma significa que colocam sim. Aquelas coisas
estavam me irritando, pai.
- Se eu encontro o Si... – Peter foi cortado por um semi
berro de Kitty que repreendeu a pronuncia do nome do ex-namorado. – Eu vou pedabundear
aquele garoto que ousou magoar minha princesinha. Ok? – Finalizou.
- Pedabundear? – Kitty riu. Peter havia atingido seu
objetivo ao utilizar a possível gíria idosa.
- É, dar um trato nesse biltre sacripantas para que fique espeto.
- Pai, na verdade eu terminei. O problema não é esse, ok?
Pare de tentar deduzir as coisas.
- Não!? E qual é então? Porque esconde as coisas de seu mais
velho companheiro?
- Sinceramente pai, você não precisa saber de algumas
coisas. Acho que deixaria de me chamar de princesa assim que ouvisse a última
palavra.
- Ei, o que é isso, Kitty Cat? O que anda fazendo por ai,
mocinha? Espero que eu não venha a me
decepcionar com você, sério. – Peter nunca era rude com Kitty. Apesar de sua
aparência brutal causada pelos músculos que havia adquirido na academia, onde
passava a maior parte de seus dias, era o homem mais gentil que Kitty conhecia.
- Nada que deva se preocupar, pai. Quer dizer, isso se ter
uma filha idiota não for algo preocupante, claro.
- Significa que você está arrependida?
-
Claro... Que não. – Kitty havia hesitado
na resposta por não ter pensado nisso antes. O ódio que sentia de tudo e todos
que estavam a sua volta poderia ser o resultado de sua resistência a ideia de
ainda se flagrar lembrando dos acontecimentos da vida normal que vivia ao lado
de Simon.
Mas valia muito a pena visar o fato de que havia terminado por não aguentar
mais o ciúme doente do mesmo.
- Acho que agir assim não combina com você, filha. Eu não
esperava te encontrar nessa fossa conhecendo a personalidade que tem. – Peter
foi direto e fatal.
Kitty quis explicar seus motivos por um momento, mas na
medida em que foi lembrando de tudo que havia acontecido... Desistiu.
Peter deixou a sala, o que a fez voltar a atenção para a TV.
Perdeu grande parte do filme e ao perceber que, mesmo assim, a cena romântica que
via anteriormente ainda acontecia, concluiu que aquilo poderia parecer idiota
em alguns aspectos. Anotou "Jogar esse dvd no lixo também" mentalmente enquanto
se levantava, quase derrubando o enorme pote de sorvete que a acompanhou
enquanto esteve ali.
Seu quarto havia perdido a graça. Estava mais escuro e com
menos estilo desde que retirou todas as fotos que antes ali estavam. Era
estranho mudar, grande parte de Kitty optava por continuar no passado, ele
parecia mais agradável.
Mas era tarde demais para sentir pena de si mesma e dos
outros. O número de mensagens de Rupert – que fazia parte da nova etapa de sua
vida que, se pudesse, eliminaria – aumentava a cada hora. Ela não podia
acreditar no quão insistente ele havia se mostrado desde então. Sempre
apreensivo na forma de implorar por uma segunda chance, mostrava-se também bem
arrependido.
“Difícil é encarar que
não sou tão esperta quanto pensava. Vadias e idiotas bem embaixo do meu nariz e
eu confiando neles. Essa sensação de abandono é bem irritante.”
Kitty não estava sozinha no quesito de solidão e “fossa” –
como foi citado por Peter – Ingrid não tinha motivos concretos para estar tão
chateada, mas estava. Não sentia vontade de sair e sentia falta de sua mãe que
não via a alguns dias, esta estava a procura de Aron que foi dado como
desaparecido após o décimo quinto dia.
Até para usar o computador, optava por permanecer na
cozinha. Julgava que este era o lugar menos vazio da casa. O segundo andar
parecia assombrado.
“Mas que merda é essa?
Não. Definitivamente não adianta. Já estou na última página de vídeos do melhor
site e nada me interessou o suficiente? Então é isso que o sexo causa?
Desinteresse pelo o que não é real? Droga... Acho que me ferrei.”
Ingrid já estava ficando sem paciência do outro lado da
conexão que estabelecia com Chazz via internet, havia feito uma pergunta a
vários longos minutos que, só depois de folhear todas as alternativas de um de
seus sites favoritos, ele se deu conta que deveria responder antes que tivesse
um membro cortado virtualmente.
Confirmou a ida a tal festa na qual ela o convidou para
fazer media e não apanhar posteriormente.
“Que eu era visto como
otário eu já sabia, ando procurando alternativas pra tentar mudar isso, mas
nada acontece. O que me ajudava a passar por cima disso era ter os outros três
quando precisava. Quem diria, não? Atualmente eu acho que só tenho a mim mesmo
e isso não soa tão ruim quanto parecia. Talvez eu até me acostume.”
Chaaz fora convidado por Ingrid que, diabolicamente, convidou
Simon antes e, por isso, ele já estava pronto. Após levantar da cama, na qual
estava sentado para calçar os sapatos, seguiu para o banheiro.
Ao retirar um pequeno pacote plástico do bolso, lembrou-se
de algo que acabou sendo considerado como bom: Helena. Não tinha nenhuma
espécie de intenção com ela, mas deixou de se arrepender por Kitty quando
soube do que houve com Chaaz, fora que não era sempre que uma garota no nível
dela topava algo tão casual e ainda deixava “presentes”.
Massageou a substancia que retirou do plástico na parte
interior da bochecha. Tentou resistir a isso, mas precisa de algo para animá-lo
a ir para a tal festa sem descrição. Quando estava envolto aos efeitos não
conseguia ver motivos para não fazer qualquer coisa que antes pareciam
impossíveis. O que é bem normal.
Ou o mundo era pequeno demais para os quatro, ou isso tudo
não passava de uma espécie de armadilhas, pois no exato momento em que os outros
três se aprontavam Kitty estava chegando a tal festa, espreitando-se entre os
outros presentes que a notaram com certo ar de indiferença – nada comparado ao
dela sobre os mesmos, claro – Decidiu que esperaria Rupert em um lugar seguro e
quieto.
Não estava em clima de festas, se perguntava se algum dia
isso foi realmente divertido. Descansou o corpo já cansado em uma parede suja
do estacionamento que, atualmente, parecia uma boate gótica ou algo do tipo.
Por toda a ansiedade de Rupert ao telefone, imaginou que o encontraria na porta
a sua espera, segurando o buquê e um cartaz com “Case-se comigo, Marilyn”
escrito, mas se enganou.
- Já fiz a minha parte. – Disse para si mesma antes de
decidir que sairia dali. Valia a pena
desperdiçar todo o tempo que gastou se arrumando a troco de estar longe dos
olhares daquela gente que julgou como “esquisita”.
- Nem ouse, Simon! Convidei ele também e foda-se pra vocês
dois e essa briga estúpida, ok?
- Relaxa Ingrid. Eu imaginei que faria isso, é a sua cara. Você
não tem noção das coisas mesmo, não é?
- É, não tenho. Agora um passo para trás, por favor.
Como já era de se imaginar, Simon franziu a
expressão de todas as formas que pode ao encontrá-los, apesar de já imaginar
que isso aconteceria. Ingrid não estava do lado de Chaaz – Que se escondia como
uma criança atrás de seu corpo - Na verdade não estava em nenhum dos
lados por fim, mas precisava defendê-lo.
Rupert
realmente estava atrasado. Chegava a estar ofegante por ter corrido e se
perdido entre o acúmulo de pessoas que surgiram repentinamente no
estacionamento, depois de se perguntar o que as levava a isso, ergueu o corpo e
estirou-se a procura de algum cabelo descolorido e lábios vermelhos, mas não
encontrou nada parecido.
Assim que atravessou a rua, Kitty sentiu um calafrio em suas
pernas. Por hora não soube identificar motivos, mas ao olhar pelo canto dos
olhos percebeu que duas figuras a observavam de forma estranha do outro lado.
Decidiu continuar andando no mesmo ritmo para que não percebessem que estava
aflita.
- Ei! – Tarde demais, uma voz masculina ecoou e a fez
acelerar os passos automaticamente dessa vez.
Sendo chamada pela sétima ou oitava vez em tom sequencial,
obrigou-se a parar. Girou o corpo e encontrou dois pares de olhos fundos
acompanhados de peles brancas o suficiente para mostrar deixar os ossos
marcados.
- Onde vai? – A figura masculina havia feito a pergunta, seu
tom parecia sóbrio, mas Kitty podia sentir que isso poderia não terminar bem,
sendo conhecedora de pessoas do tipo.
- Pra casa? – Soltou em tom sarcástico incontrolável.
- Estávamos esperando por alguém com uma encomenda, mas
parece que fomos enganados. Você tem algo aí? – Dessa vez a voz era feminina. A
dona desta possuía cabelos loiros bonitos a ponto de esconder sua expressão
desgastada por provável uso de drogas. Kitty deduziu que fossem irmãos, eram
parecidos em vários aspectos, mas também deduziu que não era hora para pensar
nisso.
- Você não é o tipo de gente que frequenta esse lugar. Está
vendendo alguma coisa?
- Não, eu... Não tenho nada. – Kitty negou balançando os
braços de forma nervosa.
- Ah, vamos lá! É claro que tem! – Ele teimou – Olha só
Honora, acho que ela está com medo de nós, e você?
- Tenho certeza. Calma boneca, basta você nós passar o que
tem aí e já vai poder ir pra casa. Que tal?
- Exato. Ou, sei lá... Vamos ter que pegar a força, a
situação está um pouco tensa por aqui, sabe?
Kitty revirou os olhos pela ameaça, da forma mais antipática
que pode. Foi inevitável mesmo que esta soubesse que não seria uma boa ideia
provocar um dos dois, mas as vezes era impossível controlar certas reações.
- É mesmo? Você e que exército, seu bosta? – Ao parecer, era
difícil controlar palavras também.
Ambos permaneceram em silêncio após a pergunta, com
expressões neutras que a encaravam como se tentassem enxergar sua alma ou algo
do tipo. Kitty deu de ombros e voltou a caminhar por onde estava ainda
desconfiada.
Não é possível dizer que algo a impedindo de forma bem
brutal era inesperado, afinal ela temia sim que isso acontecesse. A esse ponto
ainda estava relutante a situação, sentindo-se superior, mas começava a sentir
suas pernas bambas.
- E você acha que preciso de um exército pra quebrar uma
boneca de porcelana fresca e vagabunda como você? – Kitty ouviu a frase ao pé
do ouvido, mas não pode responder. Sua boca estava interditada pela mão pálida
e esquelética que pressionava seu maxilar. Arregalou os olhos e buscou apoio em
um dos braços que estava solto.
A sua sorte estava a espreita da grade do estacionamento
observando os movimentos que ali aconteciam. Bruno – o fotógrafo – estava na
tal festa e ao ouvir a voz de Kitty um pouco exaltada, decidiu conferir. Aguardava por um momento em que seria
necessário pedir ajuda, sozinho ele não poderia ajudar muito, mas se fosse
preciso, tentaria.
O corpo de Kitty foi facilmente girado e pressionado contra
o de quem o movia. Concluiu com exatidão que estava em apuros após sentir mãos
em lugares não apropriados. Sentiu vontade de arrancar as unhas da mão que a
tocavam, mas valentia não era força.
- Ei! – Exclamou uma vez ao perceber um movimento mais
estranho que o anterior – Ei, ei, ei! O que você está fazendo seu doente!? –
Disparou após receber um lambida irônica no rosto que foi dada apenas pra
provar a ela que poderia fazer o que quiser, por mais metida que Kitty fosse.
- Da próxima vez você vai saber que é melhor ficar calada e
entregar o que tem. Quanta inexperiência a sua, boneca.
- Eu me largaria se fosse você! – Blefou uma ameaça
desesperada – Vamos lá, pela sua cara nem de mulher você gosta!
Ele não parecia estar escutando os atrevimentos de Kitty.
Sua única reação foi apertar um pouco mais a mão que estava em seu pescoço para
que ela parasse de se mover contra seu corpo.
- Que nojo... Olha, vai procurar um homem pra você lamber,
ok? Me solta!
As últimas palavras de Kitty foram cortadas por um forte
impulso que sentiu, era um tapa de mão bem aberta que havia acabado de receber
para que calasse a boca. Um suspiro de susto foi o que conseguiu, como a força
vinha de um homem – covarde em si – seu corpo foi arremessado ao chão.
- O que...? – Perguntou a si mesma incrédula, enquanto
levava uma das mãos a bochecha vermelha e dolorida assim como todas as outras
articulações por estarem trêmulas de susto.
Os outros olharam-se e afirmaram algo com um sinal,
balançando a cabeça positivamente.
Bruno soltou um suspiro imediato de susto e congelou uma
expressão de desespero enquanto se preparava para correr e fazer algo. Ver
Kitty jogada ao chão, juntamente a seus acessórios – como óculos e chapéu – que
foram arremessados, o fez imaginar que algo ruim estava por vir, a fitou por
alguns minutos para se certificar de que teria tempo, mas percebeu que estava
era se atrasando por apavoramento confuso.
Enquanto esteve na festa, obervou Simon, Chaaz e Ingrid
próximos a saída, escorados em caixotes velhos do supermercado. Implorou
mentalmente para que ainda estivessem lá enquanto corria.
Quando a isso ele não precisava se preocupar, ainda estavam
lá como estátuas, entediados pela situação tensa entre Chaaz e Simon.
- Kitty está com problemas. – Pronunciou-se antes mesmo de
chegar, já voltando a atenção para trás procurando um ângulo em que pudesse
vê-la. Os outros se atentaram, mas não captaram as palavras
rapidamente.
- O que foi que você disse aí?
- Kitty! Vocês precisam ajudá-la, se eu aparecer lá vou
apanhar junto!
- Apanhar? – Os três perguntaram em coro com tons
diferentes. Simon era hesitante, quase não foi possível ouvi-lo, Chaaz era
falsamente frígido, perguntou normalmente por medo de demonstrar interesse
demais, e Ingrid era cômica, não sorriu ou riu, mas achou engraçado.
- Sim! Na saída! Uma mulher e um cara estão batendo nela!
- Você tomou o que, Bruno? Tem certeza disso? – Perguntou
Simon que tentava organizar a frase anterior mentalmente. Parecia estranho
ouvir que Kitty estava apanhando de alguém.
- Ajude ela, Simon. Por favor. – Pronunciou-se um pouco mais
calmo desta vez.
- Onde? – Ingrid perguntou ansiosa por não receber
explicações rápidas.
- Lá trás, na saída do estacionamento!
Chaaz avançou o passo contra Ingrid que o impedia, esta
esboçou surpresa por ainda não acreditar nas palavras de Bruno.
- Você vai até lá?
- Sim. Não vejo motivos para duvidar dele. Porque mentiria?
- Espero que não esteja mesmo. – Simon entrou imediatamente
na conversa depois de pensar um pouco sobre seu orgulho sendo destruído.
- Não é mentira, Simon.
Enquanto discutiam, alguém antes atrasado agora chegava
primeiro. Rupert encontrou Kitty ainda ao chão e impediu que tocassem nela com
um grito rígido que chegou a assustar todos envolvidos.
- Mas o que está acontecendo aqui, Brad?
- Rupert... – Amargurou a presença do amigo.
- Oh, olá Rupert! Não estou entendendo o motivo dessa
gritaria. – Horona, a mulher da dupla de meliantes, perguntou. Qualquer um que
escutasse a conversa deduziria automaticamente que os três se conheciam muito bem.
- O que fizeram com ela, seus inúteis? – Rupert avançava com
uma das mãos estendidas, querendo chegar até Kitty jogada ao chão, ainda
tentando se reestruturar. Sua voz falhava entre uma palavra e outra e seu tom
era baixo como o de quem precisava esconder o que estava acontecendo, parecia
estar realmente aflito ou até mesmo apavorado.
Rupert só desmontou sua posição contra os dois quando sentiu
o corpo de Kitty se apertando ao seu, estava realmente assustada, nada muito
grave a ocorreu, mas era inesperado. Ainda tentava se recuperar do susto e vê-lo
foi um alívio. Rupert fechou os olhos e respirou fundo, imaginando o que estava
por vir.
- Humm! Acho que já peguei o que está acontecendo aqui! –
Debochou Honora que olhou com malícia para o abraço de Kitty em Rupert.
Brad iniciou uma serie de gargalhadas que pausava tentando
dizer alguma coisa, mas voltava a rir assim que olhava pra Rupert o encarando
por trás do abraço com a cara mais fechada que tinha.
- Quer dizer então... – Riu por mais alguns instantes até se
controlar e recuperar o ar – Quer dizer que você está comendo então? Ah Rupert! Você me mata
de rir, cara. Aliás, onde esteve? Estamos te esperando a horas, desgraçado.
Os olhos de Kitty já não eram pequenos em sua expressão
natural, quando os arregalava pareciam um par de pedras azuis, contornados com
toda aquela maquiagem semi borrada, julgavam as últimas frases que ouvira. De
fato Rupert escondia algo, sua aparência não condizia com a situação em que
viva, suas verdades pareciam destorcidas e sua violência era definitivamente
desconfiável.
- Ela não sabe de nada, não é? – Brad havia perdido todo o
humor contido em seu timbre anteriormente.
Ela se soltou do abraço de forma espontânea e rude,
livrou-se dos braços de Rupert que tentou por alguns segundos segurá-la e
continuou se afastando enquanto cogitava quem ele realmente era. Estava
começando a ficar realmente assustada naquela noite.
Não conseguiu organizar forças para ficar de pé e pensar
em tudo aquilo ao mesmo tempo. Desequilibrou-se e acabou ao chão novamente.Rupert, Brad e Honora pareciam se conhecer muito
bem, era possível perceber o tipo de gente com quem esteve.
- O que foi, Rupert? Perdeu a voz? – O humor de Brad havia
voltado, não resistia em tirar sarro da situação em que se considerada aprendiz
de Rupert.
Tudo já estava entregue, não havia mais o que fazer para que
Kitty mudasse a impressão que teve. Na verdade, nunca ouve. Rupert esteve
envolvido em diversos atos de abuso por saber que é muito simples tirar drogas
de uma “garota riquinha” nesse tipo de festa, mas não esperava que fosse se
envolver com uma delas, muito menos que esta seria vítima de seus próprios aliados.
- Você... Rupert, você... – As primeiras palavras saíram,
mas não completaram coerência em uma frase. Uma serie de memórias apunhalaram o
orgulho de Kitty que percebeu o quão estúpida foi. Bruno chegou a lhe dar um
aviso que não foi nem cogitado e todas as dúvidas que teve na noite em que
esteve com Rupert, estavam claramente resolvidas.
Sua linha de pensamento foi cortada assim que sentiu seu
penteado sendo desfeito por dedos que adentraram seu cabelo, os puxaram com
força o suficiente para fazê-la solta um suspiro alto de susto acompanhado de
um grito.
- O que foi, boneca? Ficou tão assustada assim, é? Que eu me
lembre, o Rupert é bom no que faz.
- Me solta!
-Mas o que!? Tira a mão dela, Honora! – Rupert avançou com a
intenção de impedir que ela a tocasse, mas Brad interferiu, já
posicionando o braço para o que fosse preciso. Sempre esteve na sombra de
Rupert, mas o momento era propício para chantagea-lo como sempre quis.
- Ôh vagabunda, sinto muito, mas se for pra alguém arrancar
esse cabelo oxigenado, vai ter que ser eu. – Não demorou até os outros “salvadores”
aparecerem e é claro que essa frase vinha de Ingrid, parada atrás de Honora com
os braços cruzados e um sorriso.
- Sabia! – Simon surgiu de um dos lados e a primeira figura
que viu, era o que esperava. Já sabia que Rupert cheirava a problemas e não
hesitou em girá-lo com uma das mãos já encaixando o punho em sua
mandíbula. Brad arregalou os olhos
desentendidos e depois de se assustar, sorriu.
- E quem diabos é você? – Perguntou Honora com uma das mãos
vetada por Ingrid.
- Antes de responder suas perguntas, quero saber o que está
acontecendo aqui. Quem você acha que é pra sair puxando o cabelo dos outros por
aí, hein?
- Me solta... Ficou maluca, é?
- Maluca está você
com esses olhos fundos aí. Conheço o seu tipo e é melhor cair fora, estamos em
maior número. – A capacidade de intimidação e blefe de Ingrid era digna de
elogios, por mais que estivesse com problemas, sempre contornava a situação da
forma mais superior que podia.
Chaaz também apareceu, mas ciente de que não havia
capacidade física para amedrontar alguém – não que Ingrid tivesse, mas isso não
importava pra ela – decidiu ajudar Kitty, ainda jogada ao chão resmungando
algumas palavras.
No mesmo instante em que a tocou, sentiu o olhar de Simon
que se distraiu imediatamente. Jamais pensou que se sentiria incomodado por ver
seu melhor amigo tocando Kitty, mas as coisas haviam mudado, sua mente se
inundou de cenas indesejáveis que, infelizmente, imaginou.
Rupert já estava saturado. Aos dois encontros que teve com
Simon sentiu-se humilhado por golpes inesperados que quase deslocaram sua
mandíbula, uniu isso a raiva de ter tido sua “identidade” revelada e depositou
seu punho no tórax de Simon que arfou por dor e susto, estando imerso a sua
imaginação pobre.
Não satisfeito e em vantagem por ter inserido bastante força nos primeiros, o derrubou ao chão e iniciou uma sequencia de golpes que eram inevitáveis para Simon que mal conseguiu se mover apesar de ainda relutante o suficiente para tentar chutá-lo, mas Rupert estava determinado a acabar com essa história ali mesmo.
Kitty esquivou-se das pernas de ambos que quase a derrubaram
e colocou uma expressão súbita de desespero, não havia muito a se fazer a não
ser pedir para que parassem e mesmo assim era inútil.
Se algo que Chaaz falasse com frequência era realmente um
fato, seria a citação de que o ele mesmo nunca faz algo certo. E em uma
situação crítica como essa, não seria diferente.
Ao ver que Simon apanharia até perder, pelo menos, vinte de
seus trinta e dois dentes, decidiu que deveria fazer algo. Kitty estava perplexa
e imobilizada, Ingrid apanharia da outra garota se a soltasse, e foi assim que
procurou algo material para ajudá-lo e encontrou: Uma garrafa de vidro.
O barulho causado pela garrafa que Chaaz quebrou nas
proximidades da testa de Rubert isolou qualquer outro ruído da rua por alguns
segundos. Os cacos de vidro ficaram
espalhados pelo asfalto onde os que antes estavam travados em uma posição,
caíram. Rupert levou a mão ao local da batida e não pode mais levantar a
cabeça. Obviamente, sua visão escureceu.
Se não fossem espertos, Brad e Honora já estariam atrás das grades e longa data e por isso dispararam em uma corrida depois de se olharem e concordarem que aquilo poderia rechear as fichas criminais.
Os outros só puderam ver o estrago, quando Rupert se deu por
vencido e caiu aos pés de Chaaz, literalmente. Ele pode sentir que em alguns
minutos, o sangue que escorria da ferida poderia penetrar o tecido de seu tênis
e chegar a seus pés, foi tudo que conseguiu pensar depois de seu maior ato
impulsivo de todos os tempos. Sentiu herói por alguns segundos, só por alguns
segundos.
- Ok, isso foi o suficiente. Eu vou até lá.
- Obrigada... Eu já estava ficando desesperada lá dentro.
Sabia que isso não terminaria bem desde que vi a mocinha levando um tapa... Que
horror.
Um diálogo acontecia em um canto escuro da porta do supermercado,
onde uma das funcionárias e um segurança planejavam denunciar o que estava
acontecendo ali cedo ou tarde.
- Você se lembra de tudo que viu? Dependendo do que estiver
acontecendo o caso pode ser relativamente grave.
- Eu acho que sim... Eu saí por uns segundos pra te chamar e
quando voltei o rapaz loiro estava caído no chão, não sei quem quebrou a
garrafa nele.
- Ok, vou te levar junto para depor, tudo bem?
- Tudo bem... Faria qualquer coisa para perder um turno
noturno.
E
como dito, a atendente de caixa declarou o que viu com alguns exageros aos policiais.
Não demorou até que a oficial os mandasse para as celas de emergência enquanto
alertava os responsáveis sobre o ocorrido. A primeira a chegar foi a mãe de
Simon, que se sentou para assegurar de não cair após saber o que seu filho
havia feito dessa vez, a segunda foi a mãe de Chaaz, que poupou seu tempo e
colocou somente um delicado roupão com
estampa de coelhos para ir até a delegacia
- Cadê o meu bebê? – A voz Martha poderia soar muito
intimidadora, caso ela não estivesse com as vestimentas citadas e
principalmente se não tivesse utilizado o apelido carinhoso de Chaaz. O
policial a suas costas lutava arduamente para segurar o riso.
- E qual dos marginais seria o seu bebê, minha senhora?
- O garotinho de óculos. Ele não é marginal.
- Sente-se primeiro, senhora, sente-se.
Martha não negou por saber que seria a única forma de saber
o que estava acontecendo ali. A oficial começou seu discurso com todo o
sacarmos que pode, informando em detalhes o que a atendente de caixa havia
declaro sobre o que viu no estacionamento: Uma serie de exageros.
Kitty foi dada como violentada por ela, foi levada para
fazer exames não especificados para comprovar a acusação. A mulher chegou a
derramar lágrimas de exagero enquanto narrava a briga. Ao menos havia citado
que dois deles não estavam ali, o que fez a delegada, já saturada, decidir que
ficariam presos por uma noite, por mal comportamento nas ruas – caso Kitty não
apresentasse sinais graves –
- Graças a Deus. – Foi o que Lilian conseguiu dizer depois
de ouvir “Ficaram aqui até o amanhecer”, pensou que seria bem pior.
Levantou-se.
Martha sorriu de alívio, deduziu sozinha que
Chaaz só esteve envolvido para proteger a namorada. Sim, para ela Kitty e Chaaz
namoravam desde que os viu no quarto
A oficial estampou um sorriso vitorioso no rosto que fez
Lilian sentir um calafrio. Colocou-se a frente de ambas e balançou a cabeça
negativamente.
- Infelizmente isso não é tudo para você, senhora. –
Dirigiu-se a Lilian.
- O que quer dizer!?
- Você se lembra do aviso que dei a seu filho na última
visita, certo? Pois é, não precisei me esforçar nem um pouco para que ele
pagasse pelo insulto, quer se sentar novamente antes de eu lhe informar sobre o
que encontramos em seus bolsos?
E foi o que Lilian fez, sentou-se e cubriu os ouvidos como
uma criança já prevendo as palavras da oficial que foram ditas no tom mais rude
possível.
- MDMA*, Marijuana* e outros tipos nos quais vou poupá-la.
Lilian encolheu-se e Martha a segurou, pousou a mão em seu
outro em sinal de consolo. Não a conhecia o suficiente, mas poderia imaginar o
quão desastroso seria receber uma notícia como essas, mas no caso de Lilian era
ainda pior, era tudo que mais temia.
(MDMA: mais conhecida por ecstasy, é uma droga moderna sintetizada (feita em laboratório), neurotóxica, cujo efeito na fisiologia humana é a euforia, sensação de bem-estar, alterações da percepção
sensorial do consumidor e grande perda de líquidos, pertencente a família das anfetaminas. Muitas vezes o conteúdo dos comprimidos é retirado das cápsulas, sendo misturado a a cafeína, amido, detergentes e outras drogas | Marijuana: Erva de Cânabis, mais conhecido como maconha. )
- E eu ainda não terminei, senhora. Perdoe-me, mas é
necessário que um responsável esteja ciente. Simon confessou ter quebrado uma
garrafa de vidro na testa do rapaz que foi mandado para o hospital assim que
chegamos ao local. Isso também pode gerar alguns grandes problemas pra ele.
Lilian esperou por mais antes de começar a despejar algumas
lágrimas maternas inevitáveis, por sua sorte – se é que é permitido utilizar
esta palavra – não havia mais nada por enquanto.
A mãe que faltava, já estava no setor das celas. Seu caso
era especial, conversou com a oficial e contou o que havia lhe ocorrido naquela
noite e, por isso, pode entrar primeiro.
- Mãe, não precisa chorar! Olha, isso não passa de um
engano, eu só estava ajudando a vadi-... a Kitty, lembra dela? – Ingrid desesperou-se
ao ver uma lágrima escorrer no rosto de Carmen.
- Porque você nunca está comigo quando preciso de você,
Ingrid?
- Do que você está falando, mãe? Você desapareceu por dias!
Eu estive em casa a sua espera, mas nunca conseguia te encontrar...
- Eu só te peço para mudar suas companhias, antes que seja
tarde... Eles acharam o seu irmão, Ingrid.
- Mesmo? E ele está bem? Onde ele estava? Vou dar uma surra
nele por te preocupar quando sair daqui, mãe... Por favor, não chora, vai.
- Ingrid, eu não tenho mais o Aron... – A frase de Carmen
saiu falha no fim, não conseguiu a completar por conta de um soluço de choro
que envolveu sua garganta a fazendo levar uma das mãos ao rosto. Algo estava
muito errado ali.
Depois de pensar um pouco, não foi difícil deduzir. Aron
vivia a roubar joias e dinheiro da família para pagar as dívidas que comentava
brevemente entre uma discussão e outra. Pessoas no “ramo” em que Aron estava
não podem manter dívidas por muito tempo ou acabavam mortas em algum canto
escuro de Bridgeport. Considerando-se
suas companhias – como os que bateram em Simon por vingança – poderia esperar
por isso.
Simon e Chaaz ouviram toda a conversa, uma fina parede os
dividia por gênero até que as situações criminais fossem normalizadas. Muitas
coisas ruins aconteceram naquela noite, mas nada chegava perto do disso,
sentiram-se mal o suficiente para perderem a voz, nada foi dito e nem poderia
ser.
Carmen deu as costas para Ingrid, muitas burocracias
precisam ser resolvidas e não havia tempo suficiente e nem meios para tirá-la
dali antes do amanhecer, como foi ditado pela oficial. Estava em seu limite.
- Mãe... Mãe! – Ingrid começou a perceber que seria deixada
ali sem mais notícias e incapaz de consolá-la. Correu até o seu limite na cela,
estendendo a mão em vão. – Não me deixa aqui! Mãe!
- Só podem estar de brincadeira... – Ingrid não encontrou
mais forças para chamá-la e ao escutar o baque da porta do corredor, perdeu as
forças para se manter de pé.
- Ei In, nós estamos aqui, ok? Você não está sozinha,
garota. – A voz de Simon era hesitante do outro lado da parede, mas ele
precisava lembrá-la de que estavam ali.
Ela se levantou com algum esforço e encontrou Simon debruçado
na última barra de ferro de sua cela, Chaaz olhava preocupado, esperando ansioso
pelas reações de Ingrid, estava mais apavorado do que a mesma. Estendeu a mão e
tocou a de Simon em sinal de gratidão. Não pelo o que foi dito e sim por
estarem ali de alguma forma quando mais precisou. Passaram um bom tempo em
silêncio - nenhum tipo de diálogo seria produtivo – Ingrid estava cansada e sua
cabeça latejada por ter recebido informações demais.
Depois de alguns longos minutos em que, finalmente,
conseguiu derramar as lágrimas presas pelo susto, adormeceu vencida pelo dia
problemático. Simon segurou sua mão com dificuldade até que isso acontecesse,
mas alguns segundos antes de realmente pegar no sono, Ingrid recuou esta mão
sem explicações.
Chaaz logo abriria um buraco no chão da cela, de tanto andar
em círculos. Queria dizer tantas coisas que não saíam nem por decreto. Levou as
mãos à cabeça e bagunçou o próprio cabelo, demonstrando pleno desespero.
- Simon... – Ao menos conseguiu chamá-lo.
Simon não respondeu, apenas dedicou seu olhar para trás, aguardando
o seguimento das falas emboladas de Chaaz.
- Olha, cara... Sinceramente, porque você fez aquilo? –
Conseguiu.
- Dizer que fui eu que quebrei a garrafa na cabeça daquele
desgraçado? Porque eu quero o mérito por isso, foi algo bem legal.
- Falo sério, Simon...
- Eu tenho os meus motivos e você não precisa saber deles.
Agora fica na sua, ok? – Simon confessou o pseudo crime por Chaaz quando
percebeu que sua situação era bem mais grave do que dos outros, sabia muito bem
o que carregava no bolso. Algo a mais, algo a menos não faria diferença nenhuma
no fim. Considerou também o fato de Chaaz ter feito o que fez para tirar Rupert
de cima dele, talvez fosse um ato gratidão.
- Mais que merda, Simon... Você é o único amigo que eu
tenho.
- Eu sei. Boa sorte pra encontrar outro. – No fundo Simon
estava era torturando Chaaz pelo o que fez com Kitty, havia o perdoado assim
que saiu de sua casa naquele dia.
- Sério, cara. Desculpa... Já estou ficando cansado de pedir
desculpas.
- Não.
- Ah... – Suspirou.
- Você é um filho da puta, Chaaz. Como você acha que me
sinto quando imagino certas coisas? Até vontade de vomitar eu já tive... É
nojento pra caralho, sabe por quê?
- Por quê?
- Por que você é uma merda de um irmão pra mim e ela é
minha, sei lá... Ex mulher. – Era a
primeira vez que admitia Kitty como sua “ex”. O excesso de palavrões era uma
forma de tornar o diálogo menos afetivo.
- Isso quer dizer que você me desculpou?
- Não, Chaaz... Isso quer dizer que eu vou precisar muito de
vocês dois esses dias e não posso estar sem falar com vocês. Mas quando eu sair
daqui vou voltar a não falar com você.
- Ah! Já é meio caminho andado, não?
- É... Pode ser. Eu nunca vou te perdoar, mas
isso não quer dizer que não quero mais ver essa tua cara de esquilo. – Simon finalizou
a conversa batendo a mão algumas vezes no ombro de Chaaz, que até havia se esquecido
de que estava em uma cela. Sua amizade com Simon era realmente muito
importante, se eles se conhecessem hoje não seriam amigos, eram muito
diferentes e havia um abismo nos níveis de socialização. Chaaz o admirava de
várias formas por tudo que o ensinou sobre mulheres desde cedo... Era uma pena
isso ter se voltado contra o próprio, assim que Chaaz dormiu com Kitty, mas era
algo a superar.
Depois de alguns outros comentários sobre o ato quase heroico
de Chaaz, Simon voltou a ficar pensativo o suficiente para responder todas as
perguntas com “aham” e este desistiu de tagarelar. Acomodou-se no banco de
madeira quase medieval que encontrou ali, mais fedido do que todos os vômitos de
uma festa juntos, e adormeceu também vencido pelo cansaço mental.
Nem se levasse – ironicamente dizendo – uma garrafada na
cabeça, Simon dormiria. Estava agarrado as grades, matutando todos os tipos de
planos para o que estava por vir, mas tudo acabava parecendo cena de filme ou
seriado, foi assim que desistiu.
Simon ouviu um ruído vindo do final do corredor, que o fez
apertar as barras de ferro de susto e ansiedade. Por mais que Kitty estivesse
em estado crítico, digno de dó, ele sentiu um perfume que quase o fez cavar um
buraco no chão e fugir.
Fitaram-se mudos por não encontrarem palavras capazes de
romper o clima denso do corredor. Simon não mudou sua posição, apenas mudou o
foco do olhar inevitavelmente para o de Kitty, que estava focado no chão,
talvez por vergonha de si mesma.
Simon se perguntava o motivo de Kitty estar ali, se era
permitido, o que havia sido decidido em relação a ele, quando poderia vê-la
novamente e como reagiria caso algo fosse questionado.
Mesmo que estivessem um pouco bambas, conseguiu mover suas
pernas até as barras onde, exposta a luz, revelou o rosto que denunciava o
quanto chorou antes de entrar ali. Sua maquiagem havia cursado a o caminho das
lágrimas que secaram em seu rosto, mas estava calma agora a ponto de tocar a
mão de Simon que se enrijeceu juntamente a todas as outras articulações de seu
corpo. Era incrível vê-la finalmente rendida.
Em
um movimento rápido, súbito e quase bruto, ela a segurou pelo pulso. Poderia
ser condenado a perpétua naquela cela, desde que pudesse a segurar ali para
sempre, dentro de seu campo de vista. Kitty assustou-se brevemente e decidiu
esperar pela continuação da ação estranha.
Foi
então que largou seu pulso somente por alguns segundos, para que pudesse agora
trazê-la para mais perto das barras que os separavam, segurando-a pelo maxilar
no qual tocava com certa leveza. Ela não reagiu negativamente, o que o
impulsionou a realmente puxá-la para si. Segundos que parecem séculos por
vários motivos
Kitty fechou os olhos antes mesmo de tocar os lábios de
Simon, tentando conter lágrimas que insistiam em vir novamente por pena de si
mesma e dele, que mesmo depois de tudo, ainda ansiava em beija-la da forma mais
sincera possível, percebeu isso ao sentir que sua mão, agora apoiada na grade,
estava trêmula.
O beijo não durou muito tempo, descolaram os lábios e
colaram novamente duas ou três vezes. Era superficial, pois malditas barras de
ferro impediam seus rostos de ficarem próximos. Longas voltas, problemas de
sobra, pessoas feridas e outros pesares causados por um término de namoro.
Enquanto puderam não voltaram, mas agora que não podem parecem querer. Nada
fora do normal, aquela velha história de que só se dá valor a algo quando se
perde, apesar de Simon nunca ter deixado de ansiar por Kitty. Pelo menos não
foi preciso dizer nada, a gratidão de Kitty e a redenção de Simon estavam explícitos.
(FIM DA TEMPORADA)
-
Oi pessoal! Pois é, chegamos ao fim da primeira temporada (Ufa!). Quero agradecer por todos os comentários e visitas, sem eles eu já jamais conseguiria prosseguir com a história. Muito obrigada mesmo! ♥
E aí? Depois disso tudo quem é o seu favorito? O que espera pra segunda temporada?
Conte-me tudo, não esconda-me nada! :D